
Rezar e Fazer a Quaresma de São Miguel Arcanjo: um convite antigo para um combate muito atual
“Do alto do monte, Francisco sentiu a doçura da contemplação e o ardor dos desejos de Deus.” A cena é 1224, Monte Alverne, Umbria. Durante um retiro de 40 dias, em honra de São Miguel, entre 15 de agosto e 29 de setembro, São Francisco de Assis recebeu os estigmas — um dos episódios mais marcantes da mística cristã medieval, ligado diretamente à tradição que ficou conhecida como Quaresma de São Miguel.
O que é, e por que agora?
A Quaresma de São Miguel é um período de 40 dias de oração, penitência e caridade que começa em 15 de agosto (Assunção de Maria) e termina em 29 de setembro (Festa dos Arcanjos, também chamada de “Michaelmas” no mundo anglófono). Em muitas tradições, contam-se 40 dias “sem domingos”, à semelhança do grande ciclo quaresmal; é uma devoção antiga, de matriz franciscana, não-litigúrgica, mas com surpreendente frescor pastoral para os tempos de hoje — foco, lucidez espiritual, combate às distrações e reconciliação com Deus.
- “Francisco… desejava celebrar a Assunção (15/08) e preparar-se com um jejum de quarenta dias para a festa de São Miguel (29/09).” A linha é citada em biografias clássicas e retomada por franciscanos seculares, que lembram: penitência humilde, jejum sóbrio, oração fiel — nada de promessas mágicas, tudo de conversão concreta.
- Em inglês e francês, a tradição é apresentada como um “mini-Lent” com cor franciscana: retirar o supérfluo, acender uma vela diante da imagem de São Miguel, adotar uma penitência possível, incluir obras de misericórdia, e sustentar o caminho com “scripts” simples de oração diária.
Uma história com datas, nomes e um monte (La Verna)
- Século XIII: a prática se difunde nos círculos de Francisco; as fontes franciscanas reportam sua predileção por este “carême” em honra de São Miguel, o “porta-estandarte” da milícia celeste.
- 1224: durante esta quaresma particular, próximo à Exaltação da Santa Cruz (14/09), Francisco recebe os estigmas no Alverne — evento memorizado liturgicamente em 17/09 na família franciscana.
- Hoje, a Quaresma de São Miguel ganhou tração nos últimos anos, especialmente por articular espiritualidade bíblica (Ap 12,7–9), disciplina realista e uma pedagogia de “pequenos passos”.
“St. Michael’s Lent is a 40-day period of prayer and penance that begins on August 15 and ends on September 29… a chance to renew faith and grow in union with God.” — síntese recente em inglês que conecta história e prática, com menção a Bonaventura e aos Fioretti.
Devocional na prática (sem engessar, mas com nervo)
A beleza desta rota espiritual está na sua liberdade responsável: não é um “manual duro”, é um convite. Ainda assim, os melhores conteúdos nas três línguas convergem em alguns pilares simples — que funcionam:
- Datas e sentido: 15/08 → 29/09; 40 dias; foco em conversão, vigilância e consagração do tempo a Deus, sob a proteção de São Miguel.
- Um pequeno “oratório”: imagem de São Miguel + vela acesa na oração; símbolo discreto que educa a atenção — e a memória afetiva da casa.
- Ritmo diário enxuto: Sinal da Cruz; Oração a São Miguel (forma breve ou longa atribuída a Leão XIII); versículo bíblico; intenção concreta; ato de penitência/charidade; opcionalmente ladainha ou terço/coroa angélica.
- Domingos: em muitos lugares, são vividos de modo distinto (a festa do Senhor); a caminhada continua, mas se privilegia ação de graças, Eucaristia, descanso do rigor.
E sim, dá para começar “pequeno”: cortar doces 3x/semana, rezar 10–12 minutos diários, uma obra de misericórdia por semana. O segredo? Constância. (E um tantinho de humor quando escorregar… acontece!)
Por dentro do “combate”
A linguagem do combate espiritual é antiga, porém atual: “não é contra sangue e carne”, lembra Ef 6. As propostas mais vivas hoje retomam essa gramática sem pânico e sem triunfalismo: atenção interior, renúncia a excessos digitais, reconciliação sacramental, reconciliação com pessoas, generosidade concreta — e, claro, a intercessão do Arcanjo que “defendei-nos no combate”. Em francês, a ênfase pastoral destaca uma sobriedade que evita escrúpulos e promete transformação pela graça, não pela “força bruta” de regras.
Um fio franciscano que costura culturas
Atravessar o fim do verão (no hemisfério norte) em chave espiritual, até Michaelmas. Os conteúdos recentes costuram história e prática com elegância: datas claras, notas sobre Bonaventura e os Fioretti, menções ao Alverne e aos estigmas, além de roteiros simples e acessíveis para famílias, grupos e paróquias.
- A lembrança de que Francisco “oferecia” estes 40 dias com alegria, frente a uma estátua ou ícone, vela acesa — e penitência quotidiana, sem teatralidade.
- A ponte com a cultura de Michaelmas e a pedagogia “mini-Lent” que facilita a adesão para iniciantes (com apps e e-mails diários).
- A linguagem cuidada, contemplativa, que integra oração e vida — e oferece repertórios de preces e a coroa angélica como “oxigênio” devocional.
Para fechar (quase um sussurro)
A Quaresma de São Miguel não é uma “tarefa extra” no calendário, mas uma moldura simples para aquilo que o coração já deseja: voltar-se a Deus com mais foco — e com um amigo poderoso ao lado. De 15 de agosto a 29 de setembro, 40 dias que cabem na vida real. Talvez seja por isso que ela volta e volta — do Alverne de 1224 às telas de 2025, passando por cada casa que acende uma vela e sussurra: “São Miguel Arcanjo, defendei-nos.”
agosto 2025
Dia 9 Quaresma de São Miguel Arcanjo
Dia 10 Quaresma de São Miguel Arcanjo
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setembro 2025
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